Dieta Mediterrânea - O que de melhor Portugal tem
“(…) o mundo mediterrânico, essa civilização fantástica de que somos herdeiros e tantas vezes destruidores.”
Miguel Sousa Tavares, em Sul
Portugal, a par de outros países da bacia mediterrânica, guarda, sem saber, uma das heranças gastronómicas e culturais mais cobiçadas no mundo.
A paisagem de olivais e vinhas, cujo cultivo foi o sustento de gerações, é cada vez mais escassa e solitária. O pisar das uvas, a produção dos queijos e do pão caseiros, do arroz doce, são imagens de tradições familiares quase perdidas, que me trazem de novo à memória os meus avós.
A cultura portuguesa é ditada pela influencia de gentes diversas, que deixaram no nosso povo aspectos vivos do seu património. A prática de atividades agropastoris e artesanais, assim como a pesca e comércio de produtos nacionais além-terra e além-mar, fizeram do português um homem aberto a novos saberes. Desde o cultivo de produtos locais e a sua confeção em família, ao convívio em volta da mesa, vão um conjunto de vivências comunitárias ancestrais que absorvemos com gosto.
Falo-vos, sobretudo, do modelo nutricional da Dieta Mediterrânica. A triologia típica composta por pão, azeite e vinho, mas complementada pela variedade de cereais, legumes e frutas da época, assim como por um elevado consumo de peixe em detrimento da carne, especialmente a vermelha, bem como dos ovos e de doces, compõem um dos padrões alimentares mais recomendados atualmente. Sabe-se hoje que este, juntamente com um estilo de vida ativo, está associado a uma maior longevidade e a menores taxas de morbilidade e de mortalidade por doenças cardiovasculares e cancro.
Infelizmente para nós, com a globalização do mundo atual, a perda de tradições e o menosprezo pelo que é nosso conduziram agora ao desuso da dieta por parte das populações do sul do Mediterrâneo. Ironicamente, esta é cada vez mais valorizada pelos países do norte da Europa e da América, perante as evidências dos seus benefícios para a saúde.
Estamos, de forma gradual e progressiva, a tornar-nos numa sociedade obesa, estagnada e doente. Está na altura de inverter o processo!